2° parte, 1° capítulo - Início


- Ness, acho que é melhor entrarmos, estão todos nos olhando.


- Ah... deixe eles nos olhando!


- Ness, temos aula, e se não entrarmos, vamos chegar atrasado logo no primeiro dia de aula.


- Ok, vamos.


Nossa primeira aula foi de biologia, com um professor chamado Sr. Reevy. A aula já estava começando quando entrarmos. Reevy nos olhou e fez nós dois apresentarmos diante de toda a classe. Odiava isso. Jake foi mais espontâneo, como sempre, e logo se apresentou para toda a classe. Durante toda a apresentação de Jake, várias garotas da sala o olhavam com uma cara que me dava nos nervos. Nessa hora imaginei que seria muito bom ter os poderes de ler a mente igual ao meu pai e saber o que elas estavam pensando a respeito do meu amigo. Depois de toda a apresentação, o professor pediu para nós nos sentarmos. Graças a Deus, tinha sobrado duas carteiras, uma ao lado da outra, no fundo da sala. O Sr. Reevy nos mandou prestar atenção às informações. O resto do dia foi seguido do mesmo jeito: monótono e entediante. As matérias que os professores passavam, todas eu já tinha aprendido com a minha família. Cada um era bom em uma matéria: Carlisle me ensinava sobre geografia e biologia; Jasper ficou responsável por me ensinar história e sociologia; Emmett... bem, ele tentou me ensinar Inglês e Matemática, mas esse posto foi logo ocupado por minha mãe por motivos de segurança, e então meu tio se encarregou das matérias de artes e redação (já que eu o achava o melhor contador de histórias, na época que ele queria me colocar para dormir), e meu pai ficou com as matérias de física e química, e de vez em quando de música, onde eu aprendi a tocar piano.


- Ness, você está distante hoje... o que aconteceu?


- Uh? Ah, me desculpe Jake... estou apenas pensando aqui.


- Posso saber o que?


E no momento que abri a boca para falar, uma garota me interrompeu. Louise Hugg. Loira, alta, magra e uma das garotas que estava quase babando enquanto Jake se apresentava na aula de biologia.


- Hum... Jacob, não?


- Sim.


- Bom, Jacob... estava pensando... bem, se nesse final de semana VOCÊ - ela disse de um jeito que eu sabia que era apenas um convite para ele - não quer ir acampar conosco. - E apontou para suas amigas, que estavam no fundo do corredor, aos cochichos.


Eu não sei o que me aconteceu. Apenas fiquei com uma raiva súbita de um segundo para o outro, onde meus olhos ficaram vermelhos de raiva e eu começei a sentir um gosto na boca. Veneno. Tinha que me controlar, ou então Louise poderia morrer ali mesmo, na frente de centenas de alunos. O melhor a fazer era ir a algum lugar e relaxar. Banheiro. Apenas desgrudei minha mão da de Jake, e corri para o banheiro mais próximo, e por lá fiquei muito tempo. Depois de algum tempo, escutei a respiração de Jake e sabia que ele me pediria uma explicação pelo ocorrido. Vi que não tinha mais o que fazer, e então saí do banheiro e ele estava lá, me esperando, como eu imaginara.


- Ness, o que aconteceu com você?


- Não sei também, apenas tive que correr para um lugar sossegado.


- Aquela garota, a tal de Louise, ela é muito estranha. Nunca tinha falado com ela, e vem me convidar para acampar com ela e aquele bando de amiguinhas dela...


- E qual foi sua resposta?


- Eu disse que não dava para ir, e que me desculpava, mas não deu tempo nem de terminar a frase, Louise saiu correndo em direção das amigas dela, e elas começaram a me chingar.


- Hum...


- Vamos Ness, hora de voltar para casa.


Nossa volta para casa parecia que havia demorado muito mais tempo do que a ida. Nós dois não abrimos a boca durante toda a viagem, o que foi muito estranho. Não gostava quando Jake ficava pensador e silencioso daquele jeito. Chegamos em casa e tentamos melhorar a cara, como se nada tivesse acontecido. Mamãe me deu um abraço que quase me sufocou - ela ainda não sabia controlar totalmente sua força - e me pediu para contar os detalhes do novo dia na escola. Jasper percebeu que havia um sentimento estranho no ar, e avisou meu pai. Droga! Como tinha horas que eu desejava apenas ter uma família normal. Subi para o meu quarto para descansar, minha cabeça estava a mil por hora. Fiquei pensando no que havia acontecido comigo nessa manhã. Eu sabia o que era isso, eu sabia que sentimento era esse: o amor. Mas não era possível, eu amava Jake como um irmão mais velho, um amigo. Não tinha o porque de me apaixonar por ele. Ok... eu tinha que admitir, ele é bonito, meu coração dispara quando o vê, fico enciumada quando as "outras" o olham com aqueles olhos o desejando, e até mesmo minha reação em relação ao episódio com Louise. Precisava conversar com minha mãe. Ela era a única que poderia me ajudar naquele momento. Mas, estava tão cansada, que deitei na cama de roupa e dormi. Acordei ouvindo vozes vindo da sala. Estavam falando com Jake, mais precisamente, meu pai e Jake.


- O que você fez com a Ness? - gritava meu pai assustadoramente.


- NADA! Já disse! Nunca teria coragem de fazer nada contra ela, você sabe disso! - Jake dizia em voz alta e nervoso


- Sei... então porque Jasper sentiu um clima estranho no ar?


- Eu não sei! Aquele sanduessuga estranho sente tudo! Não fui eu!


Meu pai e Jake estavam discutindo? Como assim? Sobre mim?


- Edward, você sabe que eu nunca, jamais na minha vida quero perder a Ness, ela é especial para mim, e é por esse e único motivo que estou morando na casa de vocês! EU A AMO! Você sabe disso! Hoje na escola, milhares de garotos a olharam e senti que a desejaram e devem ter tido mais milhões de pensamentos ruins com ela, você não sabe o quanto tive que me conrolar.


Será que eu tinha ouvido direito? Jacob me amava? O meu melhor e único amigo? Então por isso ele veio morar em casa, por causa de mim? Bom, as coisas mudavam um pouco, então. Se ele me amava, eu teria que conversar com ele, mas antes eu precisava contar para minha mãe o que EU sentia por ele. Minha mãe. A única com quem eu dividia meus segredos sem que papai ou Tia Alice vissem. Talvez ela poderia me ajudar...


- Bom, acho que temos mais uma ouvinte nessa conversa - disse Alice me entregando. Droga! Agora teria que descer até a sala e me mostrar a minha família.


- Vamos Ness, desça! Já sabemos que você andou escutando nossa conversa. - falou Jake


Não tive escolha. Desci as escadas muito lentamente, tentando fazer com que o tempo demorasse, e o pedido de Jake fosse anulado, mas obviamente isso não aconteceu. Estavam todos ali, os nove me encarando como se eu fosse uma estranha. Não gostava disso.


- Bom Ness... acho que devemos uma explicação a você. - disse meu vô


- Hmm... acho que sim. Mas realmente, antes de qualquer coisa, precisava falar com minha mãe. Mãe?


- Claro. Vamos.


Sabia que não importasse aonde fossemos, podia ser a milhas de distancia dali, meu pai, ainda estaria nos escutando. Tínhamos uma forte relação. Isso de vez em quando era ruim, porque eu não podia pensar em nada que não agradasse meu pai. Então, andamos por muito tempo em silêncio pela campina do lado de trás de casa. Minha mãe parou. Continuei andando. Ali, não era preciso muito para qualquer ouvido de um vampiro captar nossa conversa. Já que era para alguém escutar, que fosse apenas meu pai.


- Bom Ness... acho que sei porque me chamou aqui.- minha mãe começou.


Isso realmente não seria uma conversa muito agradável. Adorava minha mãe e éramos muito abertas uma com a outra, isso papai nos falava. Nosso laço era muito forte. Desde pequena, dentro de minha mãe, eu a amava. Mas, compartilhar com ela os meus sentimentos iria ser uma coisa mais dificil, e realmente lembrar que papai estava ouvindo essa nossa conversa, me deixava mais encabulada ainda.


- Mãe, realmente não sei por onde começar. - esse era um bom começo, eu acho.


- Ness, entendo que você já esteja quase atingindo a fase adulta, o que quer dizer que os meninos estão te chamando a atenção. Seu pai leu isso em sua mente, e o Jasper sentiu sentimentos diferentes em você, e eles me contaram. Estou certa, filha?


- Sim. Bom... mais ou menos. O problema é que não olho para OS garotos... é um em especial.


- Jacob?


Como ela podia saber? Papai também vira isso em minha mente? Ótimo. Queria realmente que o escudo de mamãe fosse uma habilidade minha. Seria bom por um minuto ninguém me rodear, vendo meu futuro, meus sentimentos e principalmente meus pensamentos.


- Sim.


- Hmm. Sabe filha, talvez a culpa por você ter se apaixonado por ele não seja sua, e sim minha e de seu pai.


O que papai e mamãe tinham a ver com meus sentimentos agora? Já não estava de bom tamanho papai apenas ler minha mente?


- Como? - foi o qe eu apenas consegui dizer.


- Bom Ness... Jake sofreu impriting por você assim que ele a viu pela primeira vez.


- Impri... o que?


- Impriting. Bom, não serei eu que vou te explicar o que é isso, pois não sou loba.


- Entendo. Mas mãe, porque você diz ser a culpada pelo meu amor por Jake?


- Eu e seu pai te deixamos muito perto dele, sempre. Desde pequena, você sentia falta dele quando ele saia, e então quando te falamos que íamos sair por um tempo, morar só nós três em algum lugar, como uma familia, você simplesmente morreu. Não comia, nem bebia, além de sempre chamar pelo Jake.


- Eu lembro disso. - e aqueles momentos passaram pela minha mente, fazendo com que eu me encolhesse.


- Então eu e seu pai tivemos medo de te magoar e não saimos daqui. Talvez se você tivesse tido uma chance de conhecer outros garotos e...


- Não! - interrompi. - Sempre gostei de Jake e isso realmente iria me machucar. Acho que nasci predestinada a fazer o Jake feliz, e essa é a escolha que eu tomaria independentemente de onde estivessemos. Ele sempre estaria em minha mente, como sempre esteve e está. Eu o amo, mãe.


- Bom, isso é realmente gratificante para Jake. Ele te esperou durante todos esses anos.


- Sério?


- Sim, por isso ele sempre se transforma em lobo. Porque enquanto ele ainda se transformar em lobo, não mudará a idade e nem crescerá.


- Hmm. Ele fez tudo isso... por mim? - Não conseguia imaginar o quanto Jake me amava para esperar até eu crescer.


- Sim, unica e exclusivamente por você. Bom, agora que estou a par do que esta acontecendo, apenas te peço uma coisa, filha.


- O que?


- Conte-me sempre o que você está sentindo. Sempre fomos muito abertas uma com a outra, e não quero perder essa abertura com você agora. Quero poder te ajudar.


- Tudo bem.


- Acho melhor irmos andando. Está escurecendo, e acho que mais gente vai querer conversar com você.


- Ai não! Papai!


- Não querida, Jake.


- Hmm... talvez seja melhor que conversar isso com papai. Não que eu não goste de conversar com papai, amo ele, mas sabe... esse é um assunto mais... feminino. Não sei qual seria a reação dele.


- Entendo exatamente o que você diz. Pode deixar que eu falo para ele o que está acontecendo com você.


- Obrigada mãe. Te amo.


- Também te amo querida.


Dei um abraço nela e seguimos de volta para casa. Essa foi a vez que mais demoramos a voltar. Não é que tínhamos feito de propósito, mas eu não estava animada para correr, e minha mãe decidiu andar a passos humanos como eu. Mesmo andando devagar, não demoramos a chegar em casa. Carlisle estava abraçando Esme, que estavam encostados na beira do gabinete da cozinha; Alice e Jasper estavam conversando silenciosamente no sofá, ao contrário de Rose e Emmett, que estavam em uma discussão sobre o quanto Rose era linda; meu pai? Bom, ele estava sentado ao piano tocando uma música que eu conhecia. A música da mamãe. Uma das mais lindas músicas que eu já ouvi na minha vida. Melhor que Bethoven ou até Monzart. Papai riu da minha comparação, virou para nos olhar e deu um oi silenciosamente, sem interromper a música. Quando virei o rosto em direção da Tv, vi Jake. Meu Deus, Jacob. Ele estava deitado em cima do tapete, dormindo. Parecia um anjo. Não aguentei e quando reparei estava a centímetros do rosto dele, recebendo seu calor, e sentindo seu maravilhoso hálito amadeirado, o que me fez suspirar. Como alguém poderia ter um hálito tão bom como Jake? A resposta era que ele é especial. Lobisomem. Por puro instinto, fui me aproximando, mas a temperatura amena do meu corpo me entregou. Jake pulou num segundo, e ficou me olhando com cara de quem não entendia o que eu estava fazendo. Levantei, já ficando vermelha, e quando vi, estavam oito pares de olhos nos encarando. Jake então olhou para papai, que acenou com a cabeça, e então Jake me chamou para fora da casa. Fui atrás dele.


- Precisamos conversar a sós.


- Sim. Onde você quer conversar? - perguntei interessada, penasando no que ele queria conversar comigo.


- Em um lugar que eu conheço, aonde ninguém poderá nos ouvir.


Naquele momento, ele virou numa fração de segundo, pegou minha mãe e me conduziu para a esuridão das árvores.