Capítulo 2 - Confissões

Chegamos em pouco tempo ao local escolhido por Jake. Ele me deixou num canto da floresta escura e foi para o outro lado, sentar num galho de árvore qualquer. Naquele momento senti que ele esperava que eu começasse uma conversa.



- Bom.... é... verdade? - Iniciei.


- O que?


- Que você sofreu... impri...? - Droga! Eu realmente não sabia pronunciar aquela palavra, o que me deixou realmente nervosa.


- Impriting? Sim, Ness. Desculpe.


- Não tem pelo que se desculpar, é algo como um instinto, mamãe me explicou.


- Claro que tenho que me desculpar! Se eu não fosse lobisomem isso nunca teria acontecido!


- Bom, isso também não é sua culpa. Então... - não consegui terminar a frase.


- Ness, escute. Impriting é como se você encontrasse sua alma gêmea. Nós lobisomens não escolhemos seguir isso ou não. Não podemos fugir. Uma hora seus olhos verão uma garota e você sentirá que ela é a sua vida, nem que seja para ela não ser sua, o que é muito difícil quando não acontece, mas nenhum de nós a obriga a nos amar. Ness, desde o dia que eu te olhei pela primeira vez, descobri que havia sofrido impriting por você, por isso me mudei para cá. Porque quando vocês abandonarem Forks, eu quero estar ao seu lado, sempre. Tenho esperado por você Ness. Quem sofre impriting quer ser qualquer coisa que a pessoa por quem é sofrida necessitar: um amigo, pai, irmão, namorado. A pessoa pela qual é a razão do impriting, vira a luz da outra, sem ela, quem sofre não consegue ver quase nada na sua frente, e é isso que eu tenho sentido, e esperado dez longos anos para que você crescesse... me desculpe você ter que ouvir isso, Ness.


Então era por isso que Jake tinha deixado Billy sozinho, ele tinha sofrido impriting. Por mim. Nunca tive muitos amigos, apenas Jake. Todos menininhos que chegavam para brincarmos, Jake os espantava e papai realmente ficava nervoso com ele por isso. Ele me amava.


- Ness - Jake continuou - você está livre para amar qualquer cara, entende? Se isso te fizer feliz, é o que me importa.


Jake continuava não olhando para mim. Estava virado de costas, mexendo num galho de árvore, que havia acabado de cair. Achei que era hora de me aproximar. Tinha que dizer a ele o que Eu sentia, mesmo que aquilo acabasse com a nossa amizade. Pensar nisso me fez tremer e recuar, não conseguia pensar em viver longe dele. Continuei a andar, e então quando ia falar, ele soltou primeiro:


- Eu sei que você não me ama, Ness. E isso realmente não importa.


O QUÊ? Agora ele estava dizendo que não fazia diferença os meus sentimentos? Ele pega meu coração por todos esses dez anos e agora quer rasgá-lo? Parei, espantada e começei a tremer, ficando com os olhos vermelhos. Precisava me acalmar. Respirei. Então joguei as palavras como se fossem um balde de água nele.


- Sabe? Você é tão idiota!


- O quê? - pela primeira vez, ele estava olhando para mim.


- Sim, primeiro você diz tudo o que sente por mim e depois na hora em que EU vou dizer o que sinto por você, nem me dá atenção e diz que não se importa, - senti minha família se aproximando, com medo de que eu irritasse Jacob e ele se transformasse. Estavam os oito escondidos atrás das árvores mais próximas. - agora escute Jacob Black, não me importa se você quer ou não ouvir isso, mas eu irei dizer: EU TE AMO!


Jacob paralisou. Ficou na mesma posição um milênio para mim, um segundo para qualquer outro. Seu rosto não dizia absolutamente nada, e então quando conseguiu sair do choque, disse:


- O que?


- Sim, eu te amo! Infelizmente, percebo que não sente o mesmo por mim. Obrigada Jacob, por me deixar apaixonada por você, e depois que conseguiu, me dar um pé na bunda!


Virei e começei a andar em direção aos meus pais. Escuteis meus familiares cochichando:


Oh não! Ness se apaixonou pelo cachorro? Não não! - Rose se lamentava


HAHAHA! Parece que teremos um bebe meio lobisomem, meio vampiro! O que será que sairia? - Emmett rolava no chão de tanto dar risada, depois escutei um forte estrondo: papai batera em Emmett.


Minha filha, minha bebê, oh... - minha mãe resmungava


Sabia que tinha muitos sentimentos estranhos no ar nesses últimos dias... - Jasper dizia para si mesmo


Ah droga! Porque eu não vi que isso ia acontecer? Ah, claro! Porque não vejo futuro de cachorros fedorentos. - Alice reclamava.


Jacob Black, eu vou te matar cachorro! - ah sim, e meu pai. Dizendo mais uma vez essa típica frase.


Não deu tempo de seguir muito mais adiante, Jake pulou em cima de mim e deu aquela risada que eu tanto amava.


- Sai daqui, Jacob!


- Ness! Você me ama! - seus olhos brilhavam enquanto dizia isso.


- Sim, agora SAIA DE CIMA DE MIM!


- Ops. - Jake se levantou, me ajudando.


Assim que levantamos, senti seu hálito amadeirado e percebi que estavámos perto. Muito, aliás. Meus familiares começaram a sair, um a um, assim que imaginaram que estava tudo sob controle. Quando percebemos que estávamos a sós, Jake se aproximou de mim e colocou sua mão em meu queixo. Meu coração parou de bater por um instante, Jake riu.


- Adoro quando isso aontece.


- Um dia você me mata, meu coração não vai aguentar...


- Hm... é o que veremos então.


Jake foi se aproximando cada vez mais de mim, puxando com a sua grande mão meu queixo. Quando ele estava muito perto, disse:


- Eu te amo, Ness.


Seu hálito veui em minha direção, e minhas narinas tentaram arrancar o máximo de seu hálito quente, aproximando-me mais dele. Percebi naquele instante que Jake tinha uma pele muito quente, quase ardente, e que quando estávamos muito perto, ele tinha pequenos arrepios de frio por causa de minha temperatura. Gostei daquilo. Era uma troca. Eu dava o meu frio a ele, e recebia seu calor. Combinávamos. Quente e frio. Também percebi que nossas peles combinavam: a dele, amadeirada, estava em contraste com a minha, branca como neve. Então, Jake começou a me beijar muito lentamente. O começo foi suave, mas logo me empolguei e consegui abrir sua boca, sentindo seu hálito pela primeira vez não em meu nariz, e sim em minha boca. Aquilo foi reconfortante, o quente em mim. E então abri meus braços e os envolvi em volta da cintura dele, que por sua vez, estava com as duas mãos em meu rosto. Jake parou do nada e caiu no chão. Estava pálido. Apenas disse:


- Preciso de ar...


Não tinha percebido que era mais forte que Jake, nem que estava usando minha força nele. Para mim, parecia simplesmente um abraço. Imaginei que teria que ser mais cuidadosa com ele.


- Jake... você está bem? - perguntei.


- Oh Ness... estou mal... não vou aguentar.


Meu Deus! Depois de encontros e desencontros, quando tínhamos acabado de nos declarar um ao outro, depois do nosso primeiro beijo, Jake me deixaria? Não. Não podia pensar nisso. Me magoava e muito. Perder Jake não estava nos meus planos nem agora, nem durante a eternidade.


Jake se contorcia de dor, cada vez mais pálido. Sentei ao seu lado, pegando sua cabeça, dizendo:


- Jake, amor, não me deixe. Eu te amo muito muito, não consigo me imaginar num mundo aonde você não esteja... CARL.... - quando eu ia terminar de gritar pelo nome de meu avô, para nos ajudar, Jake pulou em cima de mim, dando sua risada perfeita.


- Brincadeira! Não vou te deixar. Eu também te amo.


Paralisei. Aquilo não era a mais divertida das brincadeiras. Ele não podia brincar com essas coisas, não comigo. Meus olhos, involuntariamente, começaram a ficar vermelhos, não de raiva, e escorreram duas lágrimas.


- Ness, me desculpe. Era uma brincadeira, não vou repeti-la. - enquanto dizia, limpava as lágrimas com beijos seus.


Ele então chegou perto de mim, que ainda estava parada, e começou a me dar pequenos beijos na região do meu pescoço. Não consegui. Agarrei seu abdômen e começei a beijar sua boca. Sentir seu hálito não era mais uma luxúria, e sim uma necessidade. Jake se espantou e me tirou de seu colo, me deixando de lado.


- Ué? Não gosta do meu beijo? - Ameaçei.


- Eu amo, mas acho que tem alguém que se incomoda e muito com isso.


- Quem? - eu disse sem muito pensar.


- Seus pais.


Ah sim! Meus pais. Sempre se envolvendo em tudo relacionado a mim. Droga! Porque isso? Eu já tinha dezoito anos, mas minha mãe já havia explicado. Amor.


- Ótimo.


Levantamos e nos olhamos profundamente por alguns segundos. Jake sorriu e me disse:


- Corrida?


- Claro!


- Quem chegar primeiro, ganha um beijo.


- Apostado. - eu já estava correndo.


Jake sabia que eu era mais rápida que ele, e muito. Mas acreditava que sabia o porque dele querer ganhar dessa vez. Jake queria um beijo meu. Enquanto corria, imaginava como seria nosso futuro, com Jake ao meu lado seria uma eternidade muito melhor do que a de agora. Mas eu cresceria muito mais rápido que ele, e então viraria uma velha mais rápido que ele. A não ser que... ele parasse de se transformar. Mas isso era uma coisa que ele amava, e então não seria eu que tiraria isso dele. Parei de pensar nisso, e cheguei a conclusão que seria mais fácil viver um momento de cada vez, e que quando chegarmos nesse problema, estaremos juntos para resolvê-lo.